O negócio de seguros é totalmente dinâmico, bem como os produtos e as pessoas.
A fraude evoluiu, assim como a sociedade em geral. Houve um tempo em que um segurado fraudava a seguradora e acabava recebendo mais dinheiro do que de fato teria direito; hoje falamos de associações criminosas, grupos organizados que estão focados em fraudar seguros, aplicando seus golpes em todos os tipos de seguros, não só os destinados para automóveis, mas também para as residências, empresas, viagens/férias, transportes, saúde e vida. Deixaram de ser, portanto, uma figura isolada (o segurado), para novos personagens como advovogados, clínicas e infelizmente também peritos, empregados de seguradoras, agentes e corretores de seguros, que se organizaram de uma tal forma que passaram a ser grupos que conhecem muito bem o mundo dos seguros e sabem perfeitamente onde devem atacar e, obviamente, é nessa questão que as empresas se viram obrigadas a evoluir, ampliando-se do investigador que fareja algo para a utilização de qualquer ferramenta tecnológica disponível hoje no mercado que ajude na prevenção e detecção antecipada de qualquer tipo de irregularidade.
Evolução da fraude do ponto de vista sócio-cultural-regional
A fraude evolui-se, anteriormente cometido por uma pessoa que por sua própria conta e risco fraudava uma seguradora, para grupos organizados que dificultam suas detecções e que atuam por regiões. A informação que temos é que o relatório de fraude que a ICEA (“Investigação Cooperativa Entre Entidades Seguradoras e Fundos de Pensão”, da Espanha) produz todos os anos, enuncia que a fraude não se comporta da mesma forma na Andaluzia e no norte da Espanha.
O mais usual continua sendo o ramo de automóveis, pois ao aplicar-se um golpe, busca-se obter algo a mais com ele. Verifica-se que as gangues organizadas detectaram que os carros possuem elementos muito valiosos em seus interiores, como, por exemplo, o catalizador, que tem um custo bastante elevado (aproximadamente 3.000 euros) e, este pessoal os furta, recebendo 300 euros no mercado negro, mas em virtude dele ser revestido internamento com platina, níquel, ouro e cádmio que são, por sua vez, metais nobres, acabam sendo muito bem pagos no mercado negro.
Houve uma época em que deu-se início aos furtos de carros de passareiros, estendendo sucessivamente para vans, caminhões, veículos estacionados nas ruas, automóveis de aluguel, chegando-se a qualquer veículo em circulação em qualquer área geográfica da Espanha. Quando as seguradoras perceberam isso, comunicaram `a autoridade competente, `a polícia e `a guarda civil, que se puseram em ação, mas, obviamente, os culpados quando se davam conta disso, acabavam se deslocando para outras cidades da Valência, como Catalunha, Madrid, descendo também para Andaluzia, enfim, eles se moviam rapidamente para não serem capturados.
Outro caso é de carros subtraídos, modelo DACIA da Renault. Por serem baratos, podendo ser adquiridos a partir de 10.000 euros e também duráveis, foram objeto muito furto porque através do sucateamento, passavam a valer até 60.000 euros em peças. Por isso, as oficinas “clandestinas”, ao invés de comprarem peças caras da Renault, acabavam preferindo utilizar o mercado “paralelo”, onde as peças saem mais baratas e, ademais, são originais.
Como podemos ver, a sociedade tem evoluído de tal forma que, com o mínimo de esforço e investimento, se obtém o máximo de rentabilidade.
Também foi-se observado na Espanha anos atrás quando esta se encontrava vivenciando um boom na construção e na bonança, as coberturas apenas contra terceiros foram ampliadas para coberturas totais de riscos, tanto para carros novos quanto para antigos. Naquela época, o índice de fraude caiu estatisticamente porque as pessoas viviam bem e não tinham necessidade de fraudar.
Porém, entre os anos de 2008 a 2010, a crise foi instalada novamente naquele país, gerando a quebra de construturas e de outras empresas e, por consequência, a fraude começou a ser reativada pelo segurado e mais uma vez, a capacidade de detecção das seguradoras foi intensificada, já que as pessoas precisavam de dinheiro rápido e fácil e, desta forma, os golpes intencificavam como roubos de veículos, pequenos incêndios em barcos, enfim, tudo que pudesse provocar o referido ganho monetário. Agora, com a pandemia, o que vemos é que a fraude não diminuiu, pelos próprios sinistros em si. Notamos que, quando a sociedade é reativada, a fraude também é reacendida. Quando as pessoas passam a circular pelas ruas novamente, volta a aparecer os sinistros, sinalizando a falta de dinheiro, afinal, nada melhor do que a seguradora para nos dar um dinheirinho rápido e fácil, certo?
Existe, portanto, uma relação direta entre a necessidade e as seguradoras. E muitos já sabem disso, mas o fraudador está sempre procurando o lado fraco delas para tirar-lhes seus dinheiros.
Quando falamos com as seguradoras, vemos que aquelas que não se esforçam muito para combater a fraude, no final acabam sendo as mais prejudicadas porque são incapazes de fornecer mecanismos, soluções, e embora as pessoas não se dêem conta, aqueles que são especialistas em fraudá-las , sabem disso e dizem o seguinte: “não foi-me solicitado para verificar meu carro, minha casa, meu negócios, então eu seguro diretamente o risco e, em seguida, cometo a fraude.” Por outro lado, quando uma seguradora envia um especialista para verificar o risco em um negócio, veículo, empresa ou centro de saúde para fazer um bom check-up, minimiza o possível risco de fraude; portanto, não o impede, mas de certa forma, o atenua. Aquelas seguradoras que não fazem nada, obviamente, serão alvos dos fraudadores, pois eles sabem disso.